Joanita havia completado dezenove annos, e d. Maria que se casara aos quinze, julgava aquella idade já um tanto elevada para uma menina casadoira.”
Que fim levou Joanita? Qual o desfecho da sua história na página 4 de O Combate, que circulava aos domingos pela manhã, naquele domingo do São João de 1935? *
As palavras amareladas no papel ressuscitam hoje para os meus olhos e os de algumas dezenas de pessoas na página de fotos antigas de Conquista em cristal líquido. No tempo de Joanita, o texto era grudado no papel em tinta, na forma do linotipo, os l e os n eram algumas vezes dobrados e com ph se escrevia physionomicos.
A alegria de quem produz um texto, qualquer texto, é ser lido.
Produzo então aqui alegria póstuma e presto homenagem a este escritor anônimo da primeira metade do século passado numa pequena cidade do sertão.
Que fim terá levado o autor do texto?
P.S: por sugestão de Paulo Galo, lanço aqui o desafio.
A moça vai resistir às pressões da mãe para a aceitar a corte dos “cow-boys”. Ou vai optar por um pretendente “civilizado”?
Enquanto não localizamos a página 4 de O combate, quem se arrisca a completar a história de Joanita?
Joanita era o encanto da fazenda Páo d’Arco. Não era dessas moças que se fazem bellas, mediante os enfeites, os atavios da moda, os recursos da arte. Ignorava a maquillage. Despresava o baton. Sabia’se formosa, dessa formosura natural, cambiante a apenas ás variações do nosso clima voluvel.
Bem nova ainda fora mandada á Capital, a estudar, interna, no Collegio dos Perdões.
Aos dezeseís annos, achava’se prestes a collar o gráo de alumna mestra, quando lhe morreu o pae. A viuva d.Maria Vieira, não podera supportar mais, a ausencia da filha unica.
Joanita teve que voltar aos seus penates, sem o diploma de professora. Era o carinhoso genitor quem fízera questão de um diploma qualquer para a sua adorada filhinha.
-Eu quero minha filha, disséra d. Maria, aos parentes, qundo do fallecimento de seu esposo. Graças a Deus, temos com que viver. Ella não precisa de nenhuma carta. Eu é que preciso della. Não poderei viver assim isolada.
*
* *
A inconsolavel viuva entregando a administrração da fazenda, a direcção de todos os seus negocios, a um irmão dedicado, Paulo Vieira, passara a viver quasi unicamente para a filha, que lhe recordava, pelos traços physionomicos, a imagem do defunto esposo.
Comtudo desejava casa-la. Joanita havia completado dezenove annos, e d. Maria que se casara aos quinze, julgava aquella idade já um tanto elevada para uma menina casadoira.
Os pretendentes é que não faltavam. A Fazenda Páo d’Arco era um castello encantado, onde uma pequenina castellã ou fadazinha, attrahia pela sua belleza magica, toda a “nobreza” das enstancias circumjacentes.
E os jovens fazendeiros, por mais esforços que fizessem não podiam desencantar a fada, encantando-lhe o coraçàozinho…
*
* *
Era dia de S. João.
Sentadas ambas na varanda da bella vivenda, d.Maria dissera a filha:
-Porque não acceitas o Everaldo Gomes? Um rapaz que está em boas condições, e que pode fazer’te feliz?
– Não, Mamãezinha. Não me fale num moço que me vem fazer a corte, vestido com um gibão e perneiras de couro! Julgam estes senhores que basta o seu porte de “cow-boys” para conquistar, num olhar, a nossa admiração!… Eu nunca me habituarei a um marido assim. Prefiroum homem civilizado, ainda que seja pobre.
_ Faça o que quizeres, minha filha. Creio, entretanto, que com essas ideias, ficarás para tia. A Bahia, civilizou’te talvez mais do que o necessário… Mas, eu não ponho obstaculos á tua linha de conducta… Seja como quizeres…
CONT. NA 4. pag.
Fonte: http://tabernadahistoriavc.com.br/o-combate-e-avante-formam-dupla-de-jornais-nos-anos-30/
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